SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE URTICÁRIA ESPONTÂNEA CRÔNICA E URTICÁRIA AQUAGÊNICA
A urticária espontânea crônica, também conhecida por urticária
crônica idiopática, possui como características o aparecimento
súbito de lesões cutâneas papuloeritematosas e pruriginosas,
regridindo ou desaparecimento com a digitopressão. Além disso, em
aproximadamente metade dos casos há a presença de angioedema, que
caracteriza uma forma mais profunda da doença. Particularidades do
acometimento dessa doença em cada faixa etária ainda são
desconhecidas, fazendo-se necessários mais estudos acerca da
patologia e demais características. O diagnóstico é realizado
através de anamnese e exame físico completo, sendo comum a
utilização de exames complementares para a exclusão de outras
patologias.
Tem indício de etiologia fortemente congênito, com predomínio de
acometimento feminino na idade adulta. Também é atribuído o
surgimento de agentes etiológicos de doenças infecciosas, que
parecem agravar os episódios de urticária crônica. Sua
classificação é dividida entre aguda, abrangendo um período
superior a 6 semanas, e crônica, em um período superior a 6 semanas
de persistência.
É comum a presença concomitante de comorbidades psiquiátricas ou
psicossomáticas; é possível o aparecimento de doenças autoimunes
após os episódios de urticária crônica, como tireoidite
autoimune, doença celíaca, diabetes mellitus tipo 1, doença
inflamatória intestinal, artrite idiopática juvenil e lúpus
eritematoso sistêmico. A alimentação parece agravar os quadros
através de mecanismos fisiológicos de respostas. Dentre outros
fatores, sugere-se uma relação entre a Ritalina e a urticária
crônica, porém não há dados que a comprovem em detrimento da não
verificação temporal entre início e e suspensão da medicação.
A prevenção ocorre através do simples fato de evitar a exposição
do indivíduo ao fator desencadeante e a morte pode acontecer por
afogamento nos casos de desmaio ao tomar banho.
A urticária aquagênica, por sua vez, foi descrita pela primeira
vez em 1964 e é uma forma rara de urticária física. A incidência
é de 1 em 230 milhões de nascimentos, havendo cerca de 40 casos no
mundo inteiro. É caracterizada por formação de lesões
urticariantes ao redor dos folículos pilosos, medindo de 2 a 3
milímetros de diâmetro; acomete preferencialmente o tronco e parte
superior dos membros. Podem durar de 10 a 50 minutos e desaparecem
espontaneamente, ocorrendo independentemente da temperatura da água.
O diagnóstico correto ocorre através da exclusão de outras formas
de urticária física e o Teste de Provocação Através da Água
deve ser suficiente para provocar as lesões urticariantes.
Diferente da urticára crônica, a aquagênica não tem agente
causador definido, não havendo associações ou fatores detectados
que estejam associados à manifestação da doença, mas foi
detectado o surgimento em alguns casos de angioedema produzido pela
vasodilatação durante atividades físicas. Uma vez constatado o
surgimento pela vasodilatação, são indicados banhos rápidos e
frios.
Acomete preferencialmente mais mulheres que homens, iniciando na
puberdade. São raros os casos pré-púberes e familiares e pode
aparecer ao mesmo tempo que outras urticárias físicas.
A prevenção é complicada devido à necessidade de exposição à
água, entretanto a aplicação de substâncias oleosas antes ou
durante o banho minimizam os sintomas pela redução da área de
exposição da pele. Até mesmo beijar torna-se uma restrição
devido ao contato da saliva. É uma patologia que tem grande impacto
na vida do indivíduo, reduzindo intensamente a qualidade de vida em
comparação com a urticária crônica.
Até o presente momento ambos os tipos de urticária não possuem
cura, apenas tratamento para amenizar os sintomas. Para isso, são
necessários mais estudos para o conhecimento a fundo acerca da
etiologia dos tipos de urticária apresentados, sendo estes até o
presente momento evasivos e escassos.
REFÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
- SEIZE, M. B. M. P.; et al. Urticária Aquagênica Familiar: um relato de dois casos e revisão de literatura. An. Bras. Dermatol. 84(5):530-3, 2009.
- RIOS, M.; et al. Urticária Crônica numa população pediátrica. Nascer e Crescer, Rev. do Hospital de Crianças. 21(2):80-85. Portugal, Lisboa.
- SOUZA, P. Doenças raras: Urticária Aquagênica. Rev. Fisioter. Habilit. e Reab. fev./2011
- Urticária Aquagênica: um banho pode ser uma experiência terrível. Rev. SOS Fisio. abr./2013.
- CHAMBEL, M.; ANTUNES, J.; PRATES, S. O mundo da urticária, com e sem alergia. Rev. Port. Clin. Geral. 27:84-94, 2011.
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